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O filósofo védicoExiste um mistério profundo por trás do comportamento e da atitude do filósofo védico. Trata-se de um mistério que se revela naturalmente no coração de quem mergulha emsharanagati (palavra sânscrita que significa ‘rendição plena’ ou ‘entrega plena’). Toda vez que refletirmos sobre esta palavra, poderemos visualizar duas entidades experimentando um relacionamento especial: a pessoa que se entrega ou se rende e a pessoa a quem a primeira se entrega ou se rende. Que motivo teria a primeira pessoa para se render plenamente à segunda? Na resposta a esta pergunta está a raiz do mistério profundo já mencionado. Voltemos ao nosso filósofo védico. Na Índia, os filósofos em geral são conhecidos como munis, sendo tradicionalmente aceitos como os membros mais importantes da sociedade por representarem o princípio de orientação e harmonização do sistema social. Ao formularem códigos de pensamento através dos quais o homem logra evoluir material e espiritualmente, os munisimortalizam sua obra e consolidam a tarefa da preservação da verdade superior. No entanto, a ilusão do muni reside em achar que pode acessar esta verdade por seus próprios méritos intelectuais. O filósofo védico é um muni diferente simplesmente porque não propõe o seu sistema de filosofia. Em virtude de seu sadhana e de outras práticas espirituais, bem como de seu entendimento da importância deguru-tattva (a verdade transcendental relativa ao papel do mestre espiritual), o filósofo védico é sobretudo um mantenedor da riqueza filosófica dos Vedas eternos sob sua forma original. Não lhe interessam modismos, influências circunstanciais, interpretações tendenciosas da sabedoria védica e tantos outros elementos que vão surgindo na história do pensamento humano e se distanciando cada vez mais da Fonte. No relacionamento especial por conta de sharanagati, o filósofo védico é a primeira pessoa (aquela que se entrega ou se rende plenamente), e a segunda pessoa é a Fonte. Na verdade, a Fonte é a Primeira Pessoa, ou Adi Purusha em sânscrito. Toda a vida e obra do filósofo védico gira, portanto, em torno da intenção de demonstrar ao observador atento e de mente aberta que:
Concluindo, o filósofo védico não é adepto de um sistema filosófico-religioso sectário e regionalista. O filósofo védico sempre existiu em todas as culturas do planeta – mas jamais procurou chamar a atenção de outra pessoa que não o próprio Deus. E é aí que reside o mistério profundo de seu contentamento. Prof. Marcio Pombo (Mahakala Dass) marciolimapp@aol.com |
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